segunda-feira, 7 de maio de 2012

Atividade 3 - Geodiversidade - evolução temporal do conceito e a sua conservação.

Barreiro da Faneca: Geossítio de Santa Maria (foto de Paulo H. Silva- SIARAM) 
Como ilhéu que sou é impossível não se me deslumbrar com as diversas paisagens que estas ilhas nos proporcionam, desde paisagens nuas frutas de acontecimentos vulcânicos recentes, que ainda estão na memória de tantos, a paisagens como o Barreiro da Faneca, única neste arquipélago, fruto da idade geológica desta ilha que é Santa Maria. 

Estas diferente paisagens levam-nos para um conceito que tem sofrido ao longo dos tempo adaptações importantes - geodiversidade.

A expressão foi utilizada provavelmente pela primeira vez, nos anos 80, não como o termo que o conhecemos, uma vez que "geodiversidade" é um termo relativamente recente.
Kevin Kiernan adopta o termo "landform diversity" e "geomorphic diversity" nos seus primeiros estudos da conservação da natureza geológica  (Gray, 2004).



Tabela 1: Evolução do conceito "Geodiversidade" (Gray, 2004).
 
Ao longo dos tempos foram adicionados campos e abrangência a este termo (ver tabela 1) , sendo que atualmente é visto como parte integrante, e associado à biodiversidade, sendo mesmo o seu suporte abiótico. 
Uma das definições mais recentes e aceites refere-se à geodiversidade como variedade de ambientes geológicos, fenómenos e procehttp://www.blogger.com/blogger.g?blogID=13965206741325547#editor/target=post;postID=506294714890110651ssos (endógenos e exógenos) que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são suporte para a vida na Terra. A geodiversidade compreende todos os aspectos não vivos do planeta Terra, ou seja, a natureza abiótica (Nunes, 2007)

O aumento demográfico levou à ocupação humana e à exploração dos recursos geológicos, que como a definição acima indica, servem de suporte à vida na Terra. sendo que esta exploração, quer por ocupação direta, quer por exploração para uso indireto - como são exemplo as exploração de inertes, este conceito de geodiversidade surge associado ao termo de Geoconservação

A geoconservação reconhece que os componente não vivos do património natural são tão importantes como a conservação da natureza (biótica). 
Esta componente não se foca apenas na importância deste património geológico como suporte de vida, mas também que assume um papel importante por si só (Sharples, 2002) ainda mais quando lhe é atribuído um valor seja ele económico, cultural ou outro (Brilha, 2005).

Através da atribuição de diversos valores, sugeridos por Gray (2004) - intrínsecos, culturais, estéticos, económicos, funcionais, científicos ou educacionais levará a sociedade a respeitá-los e colaborando assim para a sua geoconservação de uma forma cívica e voluntária (Castro et al. )
Gostaria de fazer um pequeno resumo dos valores acima referenciado, para que seja compreendido os possíveis valores atribuídos à geodiversidade.

Valor intrínseco: segundo certos autores, a geodiversidade por si só possui valor, pelo facto de existir, independentemente da sua utilidade para o seu humano ou para outros seres vivos.
Valor cultural: o Homem desde cedo se conectou com o meio envolvente para o seu desenvolvimento seja ele cultura, social ou religioso.
Valor estético: desde sempre que a beleza da geodiversidade causa fascínio, desde o seu coleccionismo até à simples contemplação de paisagens geológicas. O conhecimento que é aprofundado sobre a geodiversidade permite-nos ter obter dados de constatações sobre a sua formação e do mundo circundante. 

Um aspecto importante que apesar de Castro et al. colocar valor estético, acho que se adequa como valor económico é o Geoturismo.
Em uma era de turismo sustentável, a contemplação da geodiversidade é cada vez mais uma vertente de turismo, através de trilhos temáticos, da criação de Geoparques, que têm como principal objectivo a geoconservação e a sua valorização em diferentes campo, como a cultura e a educação.
  Valor económico: os materiais geológicos, rochas, sedimentos, solos, minerais, usados como matérias primas e combustíveis fósseis adquirem valor económico que em muitas sociedades são causas de conflitos. 
Valor funcional: introduzido pela primeira vez por Gray (2005) admite que a Geodiversidade assume um papel importante para os sistemas físicos como para os biológicos. Para Brilha (2005) o valor funcional é reconhecido em duas perspectivas diferentes: 
      - reconhece-se o valor da geodiversidade in situ considerando o carácter utilitário para o ser humano e 
      - reconhece-se o valor da geodiversidade enquanto substrato dos sistemas físicos e ecológicos.

valor científico e educacional :a vertente de investigação tem aumentado quase que exponencialmente, e a área da geologia não é excepção. Cada vez mais os processos geológicos são estudados, como forma de se compreender a formação da terra. O carácter didáctico e educacional da Gediversidade permite que desde cedo seja dado o verdadeiro valor ao património que nos rodeio que elevado valor.

Para que todos estes valores acima sejam atribuídos é necessário o conhecimento do nosso património geológico, que através da caracterização de uma localidade são realçados os locais de importância geológica - os geossítios. 

 Disjunção Prismática - Geossítio de Santa Maria, integrado como Geossítio Prioritário no Geoparque Açores (foto Paulo H. Silva - SIARAM) 


Uma das formas de geoconservação, através da atribuição de todos os valores acima atribuídos à Geodiversidade, é a criação de Geoparques. 

Um Geoparque é uma área com expressão territorial e limites bem definidos que possui um notável património geológico, associado a uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Um geoparque integra um significativo sítios de interesse geológico que, pelas suas peculiaridades ou raridade, apresentam valor científico, educativo, cultural, económico, cénico ou estético (Projecto Geoparque Açores)

Assim, que melhor forma de conhecermos o nosso património geológico, quer insular quer continental que através da prática de geoturismo, realçando assim as comunidades e culturas afectas a estes geossítios, e assim valorizando o nosso país no seu mais verdadeiro interior. 


Poço da Pedreira (Santa Maria) - Geossítio Prioritário do Geoparque Açores (in Projeto Geoparque Açores) 

Bibliografia: 
- Brilha, J. (2005). Património Geológico e Geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente ecológica. Palimage Editores, Viseu, pp 190.  
- Castro , I. Vasconcelos, C. & Brilha, J. Valores da Geodiversidade e Sociedade. Contributos para a qualidade educativa no ensino das ciências. Actas do XII ENEC. 
- Gray, M.(2004). Geodiversity:valuing abiotic nature. John Wiley and sons. Chichester. England. pp 434. Disponível em: http://books.google.pt/books?id=_8B_TU_G77YC&pg=PA6&lpg=PA6&dq=sharples,+geodiversity&source=bl&ots=uj6QseuH5N&sig=OvnXH8U-I9ea8NqDWqL-e79_lds&hl=pt-PT&sa=X&ei=dCyoT9raEebM0QXGm5jiAw&redir_esc=y#v=onepage&q=sharples%2C%20geodiversity&f=false. Acedido a 7 de Maio de 2012.  
- Nunes, J. Lima,E. & Medeiros, S. (2007). Os Açores, ilhas de Geodiversidade Contributo da ilha de Santa Maria. Açoreana Sup.5. Sociedade Afonso Chaves. Ponta Delgada. pp74-111.
- Projeto Geoparque Açores. disponível em http://www.azoresgeopark.com/geoparques/index.php. Acedido a  5 de Maio de 2012. 
- Sharples, C. (2002). Concepts and principles of Geoconservation - documento electrónico em pdf publicado no web site Tasmanian Parks & Wildlife Service Website. Disponibilizado pela docente no âmbito do módulo de biodiversidade, geodiversidade e conservação. Disponível em http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=2321771.  
- Siaram - Sentir e Interpretar o Ambiente dos Açores. Disponível em http://siaram.azores.gov.pt. Acedido a 4 de Maio de 2012. 










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