segunda-feira, 26 de março de 2012

Tema 1 - Valor da Biodiversidade


"We can no longer see the continued loss of biodiversity as an issue separate from the core concerns of society: to tackle poverty, to improve the health, prosperity and security of present and future generations, and to deal with climate change. Each of those objectives is undermined by current trends in the state of our ecosystems, and each will be greatly strengthened if we finally give biodiversity the priority it deserves."
Convention on Biological Diversity's 'Global Biodiversity Outlook 3' report

A relação do Homem com Natureza, advém do seus primórdios como ser pensante, como uma relação biológica, no qual o homem colhia os alimentos e caçava os animais nos diferentes ecossistemas. Esta relação sofre alterações ao longo dos tempos, com o evoluir do pensamento do Homem, que se apoderou da natureza como sendo sua e a qual existia para seu usufruto e benefício.

Se olharmos à nossa volta, o Homens existe porque vive em intrínseca relação com todos os ecossistemas, essenciais à sua vida, uma vez que é deles que obtém o oxigénio, essência da vida.
Assim o nosso papel principal como parte integrante da Natureza é a sua protecção e atendendo que a biodiversidade (conceito abordado anteriormente) é a base de tudo o que faz parte da nossa vida, a sua contínua degradação fará com que esta se desintegre (David Suzuki).


Video de David Suzuki Foundation.

A constante utilização de recursos biológicos ameaça a nossa própria sobrevivência. A conservação da biodiversidade é essencial como fonte de recursos biológicos, como perpetuação dos intervenientes dos ecossistemas, visando assim ao seu desenvolvimento sustentável. Estes benefícios da biodiversidade não têm sido considerados nas tomadas de decisão e de gestão de recursos, o que influencia directamente a sua taxa de perda (Millennium Ecosystem assessment).

Têm sido elaborados estudos no sentido de atribuir um valor económico da biodiversidade, sendo que esta técnica poderá contribuir como suporte para as políticas através da quantificação do valor económico associado à protecção dos recursos naturais (M. Christie et al. 2006)

"economic valuation of biodiversity anda biological resources is an important tool for well-targeted and calibrated economic incentive measures"
Convenção da diversidade biológica (in M. Christie et al. (2006).

Mas como atribuir um valor à biodiversidade!? Se admitirmos que a economia visa a distribuição de recursos escasso por diferentes alternativas, a exploração desregrada dos recursos naturais, que conduziu à sua escassez e fragilidade, tornou-os objectos de estudo da economia (Pereira, 2004 fidé Ceia, 2004).

A atribuição de valores à biodiversidade, segundo M. Christie et al. (2006) poderá ser baseada tendo em conta os valores dos recursos biológicos ou a diversidade destes recursos. de uma foram clara, a biodiversidade poderá assumir valores económicos se a co-relacionarmos com a utilidade turística, com impacte directo na economia do local onde o ecossistema se insere. no entanto este valor poderá também ser assumido pelo benefício dos recursos biológicos no mercado, gerando portanto economia.

Em suma, no mundo economista em que vivemos e nos inserimos, a possessão de terra é indicador de posses e riquezas, não pela eventual riqueza específica dos ecossistemas, mas pelo valor que o HOMEM atribui à terra que não lhe pertence por direito. No entanto, para a que haja uma correta gestão e conservação da biodiversidade é necessário atribuir-lhe valor real e económico de forma a ser considerado em políticas de conservação. Assim, ao atribuirmos valor aos recursos biológicos em função da sua utilização pelo Homem, é uma das formas de se chegar à sua preservação e sustentabilidade.

Bibliografia:
Ceia, F. (2004) O valor da biosiversidade. Mestrado em Gestão e Conservação da Natureza. Universidade do Algarve.
M. Christie et al. (2006)Valuing the diversity of biodiversity. Ecological Economics 58 304-317.
Millennium Ecosystem Assessment (2005) Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC. Disponível em:http://www.maweb.org/documents/document.354.aspx.pdf.
foto: Paulo H. Silva /SIARAM. Disponível em http://siaram.azores.gov.pt. Acedido a 26 de Março de 2012.
Vídeo: Biosiversity: the magic in our planet. Disponível em http://wwf.panda.org/about_our_earth/biodiversity/?gclid=CM7yhcrNha8CFS4NtAodtRrG2A. Acedido a 26 de Março de 2012.




Tema 1 - Biodiversidade. Conceito



Quando olhamos em nosso redor é perceptível a abundância de espécies assim como as relações inter-específicas que ocorrem na natureza.

Se atendermos à terminologia da palavra Biodiversidade:


Biologia (vida)+ Diversidade

poderá ser facilmente definida como a diversidade biológica da natureza viva. No entanto esta definição gera algumas controvérsias na sua definição, uma vez que será influenciada consoante o grupo profissional ou social que o interpreta (Araújo, 1998).


Em 1982, na conferência Mundial de Parques Naturais, Bruce Wilcox define que a "Diversidade biológica é a variedade de formas vivas... em todos os níveis de sistemas biológicos (ou seja, molecular, organismos, populacional, ecossistemas ..." sendo que Kenvin, J. Gaston & John I. Spicer na obra "Biodiversity: an introduction " define-a simplesmente como "a variação da vida em todos os níveis de organização biológica"(Falaschi, 2010)

Segundo M. Christie et al. os "cientistas concordam que a biodiversidade pode ser definida tendo por base o número de espécies por unidade de área analisada", à qual poderemos considerar como o ecossistema. Esta definição inclui diversidade dentro da espécie, entre espécies e diversidade entre ecossistemas.
A simplicidade desta definição prevê os seguintes problemas:
  • O que constitui uma espécie;
  • que mínimo e máximo de área poderá ser considerada para análise;
  • presença de Keystone species : possuem maior fator de ponderação na contribuição para a biodiversidade.
No entanto esta definição foi ampliada na Conferência Mundial sobre Meio ambiente e Desenvolvimento, definindo-a como a "totalidade dos genes, espécies e ecossistemas de uma região". Esta nova e desafiante definição unifica três níveis de Diversidade entre os seres vivos:
  • Diversidade genética: diversidade dos genes em uma espécie;
  • diversidade de espécies: diversidade entre espécies e
  • Diversidade de ecossistemas: diversidade a um nível mais alto de organização. (Projeto BIODIVERSIDADE RS)
A biodiversidade é um conceito mensurável, e que poderá ser abordado de diferentes formas, tendo em conta o fim a que se destina os resultados, nomeadamente em termos Ecologistas, Taxonómicos e Conservacionistas. Destas três áreas saliento a diferente abordagem do mesmo conceito de da riqueza específica e da sua determinação para que seja determinado a importância das espécies raras em ponderação às espécies comuns (ecologia), mas que sobre a abordagem taxonómica, a maior probabilidade de se assegurar uma elevada representação de caracteres genéticos é quanto maior o número de espécies. (Araújo,1998).

Sendo os ecossistemas parte integrante deste conceito de biodiversidade, a sua estabilidade, para manutenção das espécies existentes é crucial, sendo que a sua susceptibilidade poderá ser colocada à prova com a invasão biológica. Esta invasão poderá traduzir-se na ocupação do Homem sobre a natureza e na sua utilização para usufruto e benefício, mas também com o aumento de invasão por espécies introduzidas, que são superiores às taxas de extinção, afectando de igual forma a diversidade e estabilidade de um ecossistema ( Millennium Ecosystem Assessment).

Como conclusão, o conceito de biodiversidade é utilizado de diversas formas, tendo em conta o seu propósito e resultado final, sendo que tem por base a definição generalista que se baseia no número de espécies dentro de uma determinada área. Com a constante acção do Homem sobre a natureza, a biodiversidade nas suas diferentes abordagens torna-se extremamente importante como ferramenta global de forma a determinar a taxa de degradação ambiental, originada pelo Homem (Wilson, 1988).

Bibliografia:
- Araújo, M. (1998) Avaliação da biodiversidade em conservação. Silva Lusitana 6(1). Disponível em: http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/course/view.php?id=66651. pp. 19-40
- Falaschi, R. (2010). O que é a Bioviersidade afinal? in Ciência é... . Disponível em http://cienciae.blogspot.pt/2010/06/o-que-e-biodiversidade-afinal.html. Acedido a 26 de Março de 2012.
M. Christie et al. (2006)Valuing the diversity of biodiversity. Ecological Economics 58 304-317.
- Projeto BIODIVERSIDADE rs. disponível em http://www.biodiversidade.rs.gov.br/portal/index.php?acao=secoes_portal&id=11&submenu=8. Acedido a 26 de Março de 2012
- Millennium Ecosystem Assessment (2005) Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC. Disponível em: http://www.maweb.org/documents/document.354.aspx.pdf.
- Wilson, E.O. (1988) "The Current state of biological diversity". Disponível em :http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=2321471. Acedido a 20 de Março de 2012

sábado, 17 de março de 2012

Dalberto Pombo - Naturalista dos Açores


Como naturalista dos Açores, o meu avô possui uma página dedicada a si, no portal Sentir e Interpretar o Ambiente dos Açores (http://siaram.azores.gov.pt), no qual é possível adquirir mais informações e curiosidades .
http://siaram.azores.gov.pt/naturalistas/dalberto-pombo/_intro.html

Natural de Almofala, Figueira de Castelo Rodrigo, veio para Santa Maria, para uma vaga na atual Ana Aeroportos, como despachante de mensagens. Desde cedo se interessou pela educação ambiental, para que a "malta" se interessasse pelo ambiente e pela sua conservação.
Para os poder acompanhar, formou na década de 60 o Centro de Jovens Naturalistas, uma das primeiras associações na Região, através da qual realizava passeio e explorava com os mais novos a biodiversidade e geodiversidade local.

Foi um dos impulsionadores da etiquetagem de tartarugas marinhas na região nos Anos 60-70, nomeadamente as Caretta caretta, auxiliando assim a Universidade da Florida no estudo da Biologia e Ecologia desta espécie, em uma época de inexistência de internet e Geolocalizadores.
O seu espólio foi deixado à Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, que edificou o Centro de Interpretação Ambiental Dalberto Pombo, em sua honra, no qual é possível vislumbrar o seu espólio assim, como outras riquezas da ilha de Santa Maria.





Joana Pombo

Porquê o joanapomboi.blogspot.com

Olá a todos e sejam bem-vindos

A criação deste blog surge em um dos conteúdos programáticos da Unidade de Crédito de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado de Cidadania Ambiental e Participação, da Universidade Aberta.
Chamo-me Joana Pombo Tavares, e sou licenciada em Biologia Marinha, pela Universidade dos Açores e sou natural (e resido ) na Ilha de Santa Mari, Açores.

A minha paixão por Biologia surge na minha infância, uma vez que a vivi na presença do meu Avô, Dalberto Teixeira Po
mbo, naturalista residente em Santa Maria.
A sua curiosidade nata, levou-nos a explorar pequenos ecossistemas locais, e todo a sua biosiversidade, levando-o mesmo a descobrir coisas únicas.
As suas recolhas, quando verificadas por investigadores de Universidades regionais, nacionais e até mesmo internacionais, revelaram-se algumas delas verdadeiros tesouros, com registos novos para a biodiversidade dos Açores, e até mesmo novos registos para a ciência.

Alguns dos investigadores, ou por descoberta direta do meu avô, quer por homenagem que lhe queriam fazer, possui 5 espécies com o restritivo específico dedicado a si : pomboi.
São eles :

- Ampithoe pomboi Mateus & Afonso, 1974 (pulga do mar)
- Damaeus pomboi Pérez-íñig
o, 1987 (ácaro)
- Tarphius pomboi Borges, 1991 (escaravelho) imagem abaixo


- Humerobates pomboi Pérez-íñigo, 1992 (ácaro)
- Athous pomboi Platia & Borges, 2002 (escaravelho)


A particularidade destas espécies é que, com excepção da primeira indicada são todas endémicas dos Açores, sendo que o Athous pomboi e o Tarphius pomboi são endémicos da ilha de Santa Maria.

Assim, não podia deixar de adoptar eu mesma este restritivo específico, e que se enquadra na sua totalidade na Unidade de Crédito em questão, por reflectir uma importante biodiversidade da ilha de Santa Maria.

Até à próxima intervenção.

Fotos in http://www.azoresbioportal.angra.uac.pt/ - Portal da Biodiversidade dos Açores.