quarta-feira, 30 de maio de 2012

Património Geológico Português. Geoconservação e Geoturismo

O conhecimento do passado geológico (medido em geral à escala dos milhões de anos) é fundamental não só numa perspectiva histórica, mas também numa perspectiva aplicada, pois permite compreender a evolução da superfície terrestre no presente e no futuro. Esse conhecimento é adquirido pelo estudo especializado das rochas, fósseis, das estruturas geológicas e das formas do relevo. 

O património geológico de Portugal - Conjunto de geossítios inventariados e caracterizados numa dada área ou região- tem sido alvo de estudo crescente ao longo dos anos. O início destes estudos, segundo Brilha (2005) datam da década de 80, do século passado, em que Romariz (1987) enuncia os princípios básicos que justificam a necessidade de conservação do Património Geológico, com destaque à necessidade de envolvimento por parte da população neste esforço, nomeadamente através da pomoção do conhecimento científico
Estes princípios, embora enunciados em 1987 apenas ganharam poder no final dos anos 90, e no caso dos Açores apenas em 2007, com a primeira inventariação dos geossítios da ilha de Santa Maria, a primeira a ser estudada neste sentido.

Figura 1: Monumento Natural da Pedreira do Campo, Figueiral, Prainha (Foto: Joana Tavares) 


Após a primeira fase de inventariação destes locais de interesse geológico, a conservação do património geológico, em geral e dos geossítios em particular, deve constituir uma prioridade nas políticas de conservação da natureza, a par das medidas de conservação da biodiversidade. Segundo [2] os planos de ordenamento territorial devem cada vez mais  considerar os locais com valor geológico, não só como condicionantes no planeamento, mas também como potenciais recursos patrimoniais a promover. No entanto, deverá a própria população assumir estes geossitios como sua pertença, como forma de os valorizar e transmitir às gerações futuras o seu valor histórico, científico, didático e económico.

Tendo em conta o acima exposto de que forma poderemos proceder à conservação e à rentabilização económica deste património natural, de uma forma sustentável?

No caso da ilha de Santa Maria, a protecção de uma das áreas mais importantes, em termos geológicos, e que traduz em uma pequena área a formação sedimentar e vulcânica da ilha, foi através da criação de um Monumento Natural - Monumento Natural da Pedreira do Campo, Figueiral, Prainha
Figura 2: Grutas do Figueiral (Foto: Joana Tavares). 


Esta protecção tem como principal objectivo: a preservação e protecção de um património geológico e paleontológico singular nos contextos internacional, nacional, regional e local; (...)
preservação e promoção da importância para o património cultural, natural e paisagístico(...).
 Desta forma, este património geológico apresenta estatuto legal de protecção, salvaguardando assim todo a sua riqueza e importância geológica e paleontológica.


E como podermos rentabilizar este património sem a sua destruição? 
Promovendo o Geoturismo!

Segundo Stueve et al., 2002 fidé Brilha, 2005, Geoturismo pode ser definido como um tipo de turismo que mantém ou reforça as principais características do local a ser visitado, concretamente o seu ambiente, cultura, estética, património, sem esquecer o bem estar dos seus residentes.
No entanto este conceito poderá vir associado ao termo de Ecoturismo uma vez que se direcciona para um turismo ecológico e sustentável. 

No caso acima exposto - da Pedreira do Campo - é promovido o Geoturismo, uma vez que foi criado, pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, o Trilho Pedestre da Costa Sul, que tem como traçado na sua maioria sobre a área deste Monumento Natural, podendo este ser uma forma de actividade turística na ilha de Santa Maria. 
Neste percurso torna-se possível não só se fascinar com o património geológico, mas com todo a fauna e flora adjacente, assim como a paisagem da ilha, que proporciona momentos únicos de passeio na ilha. 
Figura 3: Vista do Trilho da Costa Sul, para a zona aplanada da ilha de Santa Maria, com destaque para a vista da Reserva Natural do Ilhéu da Vila (fotografia: Joana Tavares)


Bibliografia:
 [1] ]Brilha, J. (2005). Património Geológico e Geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente ecológica. Palimage Editores, Viseu, pp 190.

[2] Geodiversidade - valores e usos. Publicação no âmbito do projecto "Identificação, caracterização e conservação do património geológico para Portugal" ( PTDC/CTE-GEX/64966/2006. Fundação para a Ciência e Tecnologia  




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