quarta-feira, 30 de maio de 2012

Património Geológico Português. Geoconservação e Geoturismo

O conhecimento do passado geológico (medido em geral à escala dos milhões de anos) é fundamental não só numa perspectiva histórica, mas também numa perspectiva aplicada, pois permite compreender a evolução da superfície terrestre no presente e no futuro. Esse conhecimento é adquirido pelo estudo especializado das rochas, fósseis, das estruturas geológicas e das formas do relevo. 

O património geológico de Portugal - Conjunto de geossítios inventariados e caracterizados numa dada área ou região- tem sido alvo de estudo crescente ao longo dos anos. O início destes estudos, segundo Brilha (2005) datam da década de 80, do século passado, em que Romariz (1987) enuncia os princípios básicos que justificam a necessidade de conservação do Património Geológico, com destaque à necessidade de envolvimento por parte da população neste esforço, nomeadamente através da pomoção do conhecimento científico
Estes princípios, embora enunciados em 1987 apenas ganharam poder no final dos anos 90, e no caso dos Açores apenas em 2007, com a primeira inventariação dos geossítios da ilha de Santa Maria, a primeira a ser estudada neste sentido.

Figura 1: Monumento Natural da Pedreira do Campo, Figueiral, Prainha (Foto: Joana Tavares) 


Após a primeira fase de inventariação destes locais de interesse geológico, a conservação do património geológico, em geral e dos geossítios em particular, deve constituir uma prioridade nas políticas de conservação da natureza, a par das medidas de conservação da biodiversidade. Segundo [2] os planos de ordenamento territorial devem cada vez mais  considerar os locais com valor geológico, não só como condicionantes no planeamento, mas também como potenciais recursos patrimoniais a promover. No entanto, deverá a própria população assumir estes geossitios como sua pertença, como forma de os valorizar e transmitir às gerações futuras o seu valor histórico, científico, didático e económico.

Tendo em conta o acima exposto de que forma poderemos proceder à conservação e à rentabilização económica deste património natural, de uma forma sustentável?

No caso da ilha de Santa Maria, a protecção de uma das áreas mais importantes, em termos geológicos, e que traduz em uma pequena área a formação sedimentar e vulcânica da ilha, foi através da criação de um Monumento Natural - Monumento Natural da Pedreira do Campo, Figueiral, Prainha
Figura 2: Grutas do Figueiral (Foto: Joana Tavares). 


Esta protecção tem como principal objectivo: a preservação e protecção de um património geológico e paleontológico singular nos contextos internacional, nacional, regional e local; (...)
preservação e promoção da importância para o património cultural, natural e paisagístico(...).
 Desta forma, este património geológico apresenta estatuto legal de protecção, salvaguardando assim todo a sua riqueza e importância geológica e paleontológica.


E como podermos rentabilizar este património sem a sua destruição? 
Promovendo o Geoturismo!

Segundo Stueve et al., 2002 fidé Brilha, 2005, Geoturismo pode ser definido como um tipo de turismo que mantém ou reforça as principais características do local a ser visitado, concretamente o seu ambiente, cultura, estética, património, sem esquecer o bem estar dos seus residentes.
No entanto este conceito poderá vir associado ao termo de Ecoturismo uma vez que se direcciona para um turismo ecológico e sustentável. 

No caso acima exposto - da Pedreira do Campo - é promovido o Geoturismo, uma vez que foi criado, pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, o Trilho Pedestre da Costa Sul, que tem como traçado na sua maioria sobre a área deste Monumento Natural, podendo este ser uma forma de actividade turística na ilha de Santa Maria. 
Neste percurso torna-se possível não só se fascinar com o património geológico, mas com todo a fauna e flora adjacente, assim como a paisagem da ilha, que proporciona momentos únicos de passeio na ilha. 
Figura 3: Vista do Trilho da Costa Sul, para a zona aplanada da ilha de Santa Maria, com destaque para a vista da Reserva Natural do Ilhéu da Vila (fotografia: Joana Tavares)


Bibliografia:
 [1] ]Brilha, J. (2005). Património Geológico e Geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente ecológica. Palimage Editores, Viseu, pp 190.

[2] Geodiversidade - valores e usos. Publicação no âmbito do projecto "Identificação, caracterização e conservação do património geológico para Portugal" ( PTDC/CTE-GEX/64966/2006. Fundação para a Ciência e Tecnologia  




domingo, 20 de maio de 2012

Atividade 5 - Ameaças à Geodiversidade e Estratégias de Geoconservação

Foto 1: Monumento Natural da Pedreira do Campo - Parque Natural de Santa Maria (foto Joana Tavares).
 
Quando olhamos ao nosso redor encontramos diversas formas e relevos que constituem o nosso o meio de sustentação de vida.
A partir  de pouco mais de uma centena de elementos químicos, a Terra, ao longo dos seus 4600 milhões de anos, gerou cerca de 3500 espécies minerais que dão origem a centenas de rochas diferentes. Estas rochas constituem o substrato para o desenvolvimento de uma espantosa variedade de seres vivos, dando origem à biodiversidade que conhecemos hoje [1].

Como vimos já em actividades anteriores quando nos referimos à geodiversidade não só estamos a referir ao substrato rochoso (minerais e rochas) mas também fósseis, solo, sendo esta geodiversidade o substrato para o desenvolvimento dos organismos e causas da sua evolução. 

Em um olhar mais descuidado, o aspecto robusto da maior parte das rochas confere aos objectos geológicos uma aparência de durabilidade e de resistência, no entanto alguns destes recursos são frágeis e mais susceptíveis à acção humana [2]. 
Os recursos minerais, à semelhança dos recursos energéticos, são considerados renováveis no entanto a sua exploração maciça não os tornam renováveis na óptica da vida humana. 

Com o aumento demográfico e da necessidade de construções de novas infraestruturas, os recursos minerais têm sido gravemente afectados em prol do bem estar humano, no este recurso poderá ser afectado por acções de ordem natural como os sismos e erosão costeira

Segundo Brilha (2005) a maior parte das ameaças à geodiversiadde advém, directa ou indirectamente da actividade humana, em diversas escalas e graus distintos.

Para este autor as ameças à geodiversidade podem ser numeradas da mesma forma que numeramos os valores da geodiversidade na actividade anterior. 
Assim as ameaças podem ser: 


- Exploração de Recursos Geológicos


Figura 2: Pedreira localizada entre Alandroal e Borba [3].


As atividades que se encontram relacionadas com a exploração de recursos minerais levam à consequente destruição de componentes de geodiversidades para utilização antropogénica. Esta ameaça pode ocorrer ao nível da paisagem, uma vez que a exploração causa impactes negativos na paisagem circundante. 
Pode também ser classificada ao nível do afloramento, no sentido em que a exploração pode ter como alvo de extracção importantes recursos geológicos como fósseis ou estruturas rochosas com valor, como é o caso de cones de escória do Poço da Pedreira na ilha de Santa Maria. 





Este cone de escória foi utilizado durante anos, como fonte de exploração de inertes, nomeadamente da designada "Pedra de Cantaria" tradicionalmente utilizada nas habitações de traça tradicional, na ilha.
- Desenvolvimento de obras e estruturas 
O aumento demográfico, como já referido anteriormente, é uma das principais causa de exploração com destruição de recursos minerais, no sentido em que origina a necessidade de construção de infraestruturas como estradas, barragens, grandes edifícios, que levam à destruição de geodiversidade.

- Gestão das bacias hidrográficas
A gestão das bacias hidrográficas, nomeadamente a sua normalização de caudais com a construção de barragens, origina a alteração profunda nos cursos de água, com impacte na biodiversidade adjacente.
- Florestação, desflorestação e agricultura
o coberto vegetal pode ocultar a geodiversidade importante do ponto de vista científico e didáctico. A desflorestação por sua vez promove a erosão dos solos, sendo que a agricultura poderá assumir também um importante papel na erosão e na contaminação dos solos. 
- Actividades militares 
o uso da maquinaria pesada e de bombardeamento poderá levar à destruição da geodiversidade, com impacte negativo na qualidade dos solos e das águas superficiais e subterrâneas. 
- Actividades recreativas e turísticas.
o aumento das actividades desenvolvidas ao ar livre coloca muitas das vezes a bio e a geodiversidade sobre pressão. 
- Colheitas de amostras geológicas para fins não científicos
De forma a se estudar e conhecer o património natural são necessárias recolhas para fins laboratoriais, mas que das quais se esperam dados que permitam o aprofundar de conhecimentos sobre estes recursos. No entanto, são muitas as vezes que são removidas amostras do local para "souvenir", levando à destruição da geodiversidade sem fim direccionado. 
- Iliteracia cultural 
Estas últimas três ameaças são resultado do desconhecimento da população em geral. 

Como poderemos então minimizar estas ameaças acima referenciadas!?
Anteriormente já vimos que a geoconservação aponta para a preservação da diversidade natural com significado geológico, e ainda que a reconhece como a componente não viva do património natural é da mesma forma importante para que seja conservado [4]. 
Uma das estratégicas de geoconservação parte pela inventariação de geossítios. 

Mas o que é isto de Geossítio!  
Segundo [1] Geossítio pode ser definido como ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade bem delimitada geograficamente, com valor singular do ponto de vista científico, pedagógico, cultural e turístico.


Ou seja, são sítios de interesse geográfico que cumpram com o acima estipulado. 
No caso dos Açores e nomeadamente na Ilha de Santa Maria o levantamento dos geossítios de ilha foram elaborados pelo Departamento de Geociências da Universidade dos Açores, através do artigo cientifico de J.C. Nunes (2007) [5]
Após o levantamento dos 15 geossítios para Santa Maria, sendo eles de natureza vulcânica ou sedimentar, sendo estas últimas com a particularidade da existência de fósseis, foram escolhidos 5 Geossítios Prioritários, pelas suas importância geológica, didáctica e cultural.

Figura 3: Geossítios prioritários para a ilha de Santa Maria [6]

Após a inventariação dos geossítios de Santa Maria têm a particularidade de se 4 deles se encontrarem protegidos pela legislação do Parque Natural de Santa Maria:
- Barreiro da Faneca: Área de Paisagem Protegida;
- Pedreira do Campo : Monumento Natural (1º monumento natural dos Açores);
- Ponta do Castelo e Ribeira do Maloás: Área Protegida para Habitats e espécies 

Após o levantamentos dos referidos geossítios, foi elaborada uma candidatura da Região Autónoma dos Açores para que as ilhas fossem integradas em um só Geoparque: 
Geoparque Açores, 9 ilhas um geoparque. 

Assim, e dado o carácter arquipelágico dos Açores, o Geoparque Açores assenta numa rede de geossítios dispersos por nove ilhas e zona marinha envolvente, a) que garante a representatividade da geodiversidade que caracteriza o território açoriano, b) que traduz a sua história geológica e eruptiva, c) com estratégias de conservação e promoção comuns e d) baseada numa estrutura de gestão descentralizada e com apoio em todas as ilhas [5].

Os objectivos de um geoparque, e nomeadamente do geoparque Açores são :
- Conservação: preservação de geossítios, desenvolvendo métodos de geoconservação com intuito de proteger o património geológico para as gerações futuras.
- Educação: promover a educação em geociência, do público em geral e da comunidade estudantil, organizando actividades e providenciando apoio logístico na comunicação do conhecimento científico  dos conceitos ambientais. Deverá também, apoiar a investigação científica, estimulando o diálogo entre os geocientistas e as populações locais. 
- Desenvolvimento regional: estimulando a actividade económica e o desenvolvimento sustentável das populações da sua área de influência, potencializando o desenvolvimento socio-económico local através de uma imagem de excelência relacionada com o património geológico - geoturismo, artesanato.

Geossítio do Barreiro da Faneca - "Deserto Vermelho dos Açores" [7]

Bibliografia

[1] 
Geodiversidade - valores e usos. Publicação no âmbito do projecto "Identificação, caracterização e conservação do património geológico para Portugal" ( PTDC/CTE-GEX/64966/2006. Fundação para a Ciência e Tecnologia  

[2]Brilha, J. (2005). Património Geológico e Geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente ecológica. Palimage Editores, Viseu, pp 190.

[3] 
Portugal a Pé. Disponível em http://portugalape.blogspot.pt/2008/09/blog-post_6178.html. Acedido a 19 de Maio de 2012.


[4] Sharples, C. (2002). Concepts and principles of Geoconservation - documento electrónico em pdf publicado no web site Tasmanian Parks & Wildlife Service Website. Disponibilizado pela docente no âmbito do módulo de biodiversidade, geodiversidade e conservação. Disponível em http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=2321771.  


[5]
Nunes, J. Lima,E. & Medeiros, S. (2007). Os Açores, ilhas de Geodiversidade Contributo da ilha de Santa Maria. Açoreana Sup.5. Sociedade Afonso Chaves. Ponta Delgada. pp74-111.

[6] Geoparque Açores. Disponível em  http://www.azoresgeopark.com. Acedido a 20 de Maio de 2012. 
[7] Siaram - Sentir e Interpretar o Ambiente dos Açores. Disponível em http://siaram.azores.gov.pt. Acedido a 20 de Maio de 2012.  





segunda-feira, 7 de maio de 2012

Atividade 3 - Geodiversidade - evolução temporal do conceito e a sua conservação.

Barreiro da Faneca: Geossítio de Santa Maria (foto de Paulo H. Silva- SIARAM) 
Como ilhéu que sou é impossível não se me deslumbrar com as diversas paisagens que estas ilhas nos proporcionam, desde paisagens nuas frutas de acontecimentos vulcânicos recentes, que ainda estão na memória de tantos, a paisagens como o Barreiro da Faneca, única neste arquipélago, fruto da idade geológica desta ilha que é Santa Maria. 

Estas diferente paisagens levam-nos para um conceito que tem sofrido ao longo dos tempo adaptações importantes - geodiversidade.

A expressão foi utilizada provavelmente pela primeira vez, nos anos 80, não como o termo que o conhecemos, uma vez que "geodiversidade" é um termo relativamente recente.
Kevin Kiernan adopta o termo "landform diversity" e "geomorphic diversity" nos seus primeiros estudos da conservação da natureza geológica  (Gray, 2004).



Tabela 1: Evolução do conceito "Geodiversidade" (Gray, 2004).
 
Ao longo dos tempos foram adicionados campos e abrangência a este termo (ver tabela 1) , sendo que atualmente é visto como parte integrante, e associado à biodiversidade, sendo mesmo o seu suporte abiótico. 
Uma das definições mais recentes e aceites refere-se à geodiversidade como variedade de ambientes geológicos, fenómenos e procehttp://www.blogger.com/blogger.g?blogID=13965206741325547#editor/target=post;postID=506294714890110651ssos (endógenos e exógenos) que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são suporte para a vida na Terra. A geodiversidade compreende todos os aspectos não vivos do planeta Terra, ou seja, a natureza abiótica (Nunes, 2007)

O aumento demográfico levou à ocupação humana e à exploração dos recursos geológicos, que como a definição acima indica, servem de suporte à vida na Terra. sendo que esta exploração, quer por ocupação direta, quer por exploração para uso indireto - como são exemplo as exploração de inertes, este conceito de geodiversidade surge associado ao termo de Geoconservação

A geoconservação reconhece que os componente não vivos do património natural são tão importantes como a conservação da natureza (biótica). 
Esta componente não se foca apenas na importância deste património geológico como suporte de vida, mas também que assume um papel importante por si só (Sharples, 2002) ainda mais quando lhe é atribuído um valor seja ele económico, cultural ou outro (Brilha, 2005).

Através da atribuição de diversos valores, sugeridos por Gray (2004) - intrínsecos, culturais, estéticos, económicos, funcionais, científicos ou educacionais levará a sociedade a respeitá-los e colaborando assim para a sua geoconservação de uma forma cívica e voluntária (Castro et al. )
Gostaria de fazer um pequeno resumo dos valores acima referenciado, para que seja compreendido os possíveis valores atribuídos à geodiversidade.

Valor intrínseco: segundo certos autores, a geodiversidade por si só possui valor, pelo facto de existir, independentemente da sua utilidade para o seu humano ou para outros seres vivos.
Valor cultural: o Homem desde cedo se conectou com o meio envolvente para o seu desenvolvimento seja ele cultura, social ou religioso.
Valor estético: desde sempre que a beleza da geodiversidade causa fascínio, desde o seu coleccionismo até à simples contemplação de paisagens geológicas. O conhecimento que é aprofundado sobre a geodiversidade permite-nos ter obter dados de constatações sobre a sua formação e do mundo circundante. 

Um aspecto importante que apesar de Castro et al. colocar valor estético, acho que se adequa como valor económico é o Geoturismo.
Em uma era de turismo sustentável, a contemplação da geodiversidade é cada vez mais uma vertente de turismo, através de trilhos temáticos, da criação de Geoparques, que têm como principal objectivo a geoconservação e a sua valorização em diferentes campo, como a cultura e a educação.
  Valor económico: os materiais geológicos, rochas, sedimentos, solos, minerais, usados como matérias primas e combustíveis fósseis adquirem valor económico que em muitas sociedades são causas de conflitos. 
Valor funcional: introduzido pela primeira vez por Gray (2005) admite que a Geodiversidade assume um papel importante para os sistemas físicos como para os biológicos. Para Brilha (2005) o valor funcional é reconhecido em duas perspectivas diferentes: 
      - reconhece-se o valor da geodiversidade in situ considerando o carácter utilitário para o ser humano e 
      - reconhece-se o valor da geodiversidade enquanto substrato dos sistemas físicos e ecológicos.

valor científico e educacional :a vertente de investigação tem aumentado quase que exponencialmente, e a área da geologia não é excepção. Cada vez mais os processos geológicos são estudados, como forma de se compreender a formação da terra. O carácter didáctico e educacional da Gediversidade permite que desde cedo seja dado o verdadeiro valor ao património que nos rodeio que elevado valor.

Para que todos estes valores acima sejam atribuídos é necessário o conhecimento do nosso património geológico, que através da caracterização de uma localidade são realçados os locais de importância geológica - os geossítios. 

 Disjunção Prismática - Geossítio de Santa Maria, integrado como Geossítio Prioritário no Geoparque Açores (foto Paulo H. Silva - SIARAM) 


Uma das formas de geoconservação, através da atribuição de todos os valores acima atribuídos à Geodiversidade, é a criação de Geoparques. 

Um Geoparque é uma área com expressão territorial e limites bem definidos que possui um notável património geológico, associado a uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Um geoparque integra um significativo sítios de interesse geológico que, pelas suas peculiaridades ou raridade, apresentam valor científico, educativo, cultural, económico, cénico ou estético (Projecto Geoparque Açores)

Assim, que melhor forma de conhecermos o nosso património geológico, quer insular quer continental que através da prática de geoturismo, realçando assim as comunidades e culturas afectas a estes geossítios, e assim valorizando o nosso país no seu mais verdadeiro interior. 


Poço da Pedreira (Santa Maria) - Geossítio Prioritário do Geoparque Açores (in Projeto Geoparque Açores) 

Bibliografia: 
- Brilha, J. (2005). Património Geológico e Geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente ecológica. Palimage Editores, Viseu, pp 190.  
- Castro , I. Vasconcelos, C. & Brilha, J. Valores da Geodiversidade e Sociedade. Contributos para a qualidade educativa no ensino das ciências. Actas do XII ENEC. 
- Gray, M.(2004). Geodiversity:valuing abiotic nature. John Wiley and sons. Chichester. England. pp 434. Disponível em: http://books.google.pt/books?id=_8B_TU_G77YC&pg=PA6&lpg=PA6&dq=sharples,+geodiversity&source=bl&ots=uj6QseuH5N&sig=OvnXH8U-I9ea8NqDWqL-e79_lds&hl=pt-PT&sa=X&ei=dCyoT9raEebM0QXGm5jiAw&redir_esc=y#v=onepage&q=sharples%2C%20geodiversity&f=false. Acedido a 7 de Maio de 2012.  
- Nunes, J. Lima,E. & Medeiros, S. (2007). Os Açores, ilhas de Geodiversidade Contributo da ilha de Santa Maria. Açoreana Sup.5. Sociedade Afonso Chaves. Ponta Delgada. pp74-111.
- Projeto Geoparque Açores. disponível em http://www.azoresgeopark.com/geoparques/index.php. Acedido a  5 de Maio de 2012. 
- Sharples, C. (2002). Concepts and principles of Geoconservation - documento electrónico em pdf publicado no web site Tasmanian Parks & Wildlife Service Website. Disponibilizado pela docente no âmbito do módulo de biodiversidade, geodiversidade e conservação. Disponível em http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=2321771.  
- Siaram - Sentir e Interpretar o Ambiente dos Açores. Disponível em http://siaram.azores.gov.pt. Acedido a 4 de Maio de 2012. 










sexta-feira, 20 de abril de 2012

Atividade 2 - Ameaças à biodiversiadde



Reportando ao dia que se celebra no dia 22 de Abril - Dia Munidal da Terra - não há
melhor forma de o fazer do que abordar a temática da Biodiversidade e dos seus hotspots, assim como das ameaças que estes são alvo.

Segundo a bibliografia cedida pela Docente, nomeadamente Myers (1996), os estudos apontam para a existência de concentrações de biodiversidade em determinados ecossistemas da Terra em detrimento de outros.
Esta constatação, aliada às condições edafo-climáticas e de insularidade de alguns locais, favorecem o endemismo de espécies.
Os Açores são um bom exemplo do acima exposto. A insularidade do arquipélago, origina características únicas de habitats e por conseguinte particularidades nas suas espécies, levando à existência de hotspots de Biodiversidade - como é o caso do Pico alto na ilha de Santa Maria.
Existem diferentes tipologias de ecossistemas que são considerados hotspots para biodiversidade, pelas suas qualidades por excelência para a vivência de um elevado número de espécies; como são exemplo os Lagos tropicais e as zonas húmidas (Myers, 1996).

Gostaria de citar um artigo de hoje do jornal açoriano "Açoriano Oriental" - "Açores "ricos" em Invertebrados", o qual salienta a importância dos Açores para estes animais.
Segundo Doutor Paulo Borges, do Grupo da Biodiversidade, da Universidade dos Açores, "os Açores devem o seu potencial ao facto de terem ainda algusn dos habitats mais bem preservados da Europa". Das mais 400 espécies endémicas dos Açores, cerca de 90 % são invertebrados, uma percentagem que é superior à verificada a nível global.

No entanto, estes ecossistemas, locais propícios para a concentração de biodiversidade com destaques importantes como a possibilidade de endemismos, encontram-se cada vez mais ameaçados, directa ou indirectamente pela acção antropogénica.
A preocupação deste impacte negativo tem aumentado quase que exponencialmente, com realce para a importância da sua conservação.
Esta preocupação pode traduzir-se em um aumento de publicações científicas nesta temática, que, segundo a Conservation International, se encontra também associada ao crescimento de citações de artigos de Myers ao longo dos últimos anos (ver gráfico).
Impacte Científico do conceito "hotspots". As barras verdes indicam o número de artigos científicos publicados contendo o termo "hotspot" no contexto da conservação da biodiversidade. a linha vermelha indica o número de citações de Myers (in Impacte of Hotspot)

As ameaças e alterações verificadas são originadas pelos seguintes factores: demografia, economia, factores sociopoliticos, culturais e religiosos, científicos e tecnológicos (in Millennium Ecosystem Assessment, 2005)
O aumento exponencial da população mundial originou a proliferação e ocupação de terrenos não urbanizados, mas de elevada importância Biológica. São exemplos destes casos, os ecossistemas das Zonas Húmidas. Estes locais albergam na sua periferias urbanizações, que disfrutam dos seus benefícios e qualidades. No entanto, e aquando da necessidade de proliferação, estes ecossistemas são ocupados pelo Homem, levando à ameaça da sua biodiversidade (Carapeto, C. 2010).

Como já referido anteriormente, a zona do Pico Alto, na ilha de Santa Maria, é designado de hotspot de biodiversidade, alvo de estudo por diferentes investigadores internacionais e regionais.
Este hotspot de biodiversidade possui uma grau de exclusividade de cerca de 0.71, valor acima dos restantes obtidos para outros locais dos Açores (Borges, 2008). No total, os Açores possuem um total de 57 espécies endémicas, sendo que 21% são conhecidos para esta área. Dos artrópodes conhecidos, muitos são exclusivos de Santa Maria, e da área do Pico Alto, como por exemplo o Tarphius pomboi (já mencionado neste blog).
Segundo Borges (2008), "importa considerar o Pico Alto de Santa Maria, uma área única para a fauna de invertebrados dos Açores, sendo o +ultimo reduto de fauna mais antiga do arquipélago".
No entanto, esta biodiversidade merece alguma preocupação, uma vez que a área do Pico Alto e circundante possui flora infestante, que devido à suas características tendem a superar a flora endémica e autóctone, à qual a fauna particular deste local se associa.
A fauna infestante mais comum é a Conteira (ou Roca-da-velha) - Hedychium gardneranum e o Incenso - Pittosporum undulatum.

Mas como nem sempre tudo pode ser visto de uma forma negativa, estas ameaças merecem preocupação do Governo Regional dos Açores, nomeadamente da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, o qual impulsionaram nos últimos anos factores de protecção do referido local, atendendo à sua biodiversidade única e por isso de extrema importância na área da conservação. Estas acções de protecção vão de encontro à bibliografia Millennium Ecosystem Assessement (2005), a qual indica diversas formas de alteração das ameaças inerentes à biodiversidade.

Uma das primeiras acções referem-se à protecção legal do Pico Alto, através do Decreto Legislativo Regional nº 47/2008/A, que cria o Parque Natural de Santa Maria, e atribui a caracterização de Área Protegida para a gestão de habitats e espécies, para a área do Pico Alto, ressalvando assim a biodiversidade existente e a sua importância de conservação na temática dos endemismos dos Açores.

Uma segunda acção directa centra-se na campanha PREFECIAS, que possui como principal objectivos a remoção de flora invasora de diversos locais, nomeadamente da área do Pico Alto, com a reposição de flora endémica.

Em título de conclusão, gostaria de referir que no presente tema particularizei o caso de Santa Maria, uma vez que é uma realidade próxima que se enquadra de todo, na presente matéria, com casos práticos e associados à bibliografia cedidas pela docente.

Bibliografia:
- Carapeto, C. (2010). Zonas Húmidas Naturais e Artificiais: características, proteção e benefícios. Editora Bubok.
- Millennium Ecosystem Assessment (2005). Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC. Disponível na Plataforma da Universidade Aberta –UC Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação. Acedido a 16 de abril de 2012.
- Myer, N. Biodiversity II. The rich diversity of biodiversity issues. Disponível na Plataforma da Universidade Aberta –UC Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação. Acedido a 16 de abril de 2012.
- Cabral, R. (2012). Açores "ricos" em invertebrados. Jornal Açoriano Oriental, edição de 20 de Abril de 2012. Ponta Delgada.
- Impacts of Biodiversity. Conservation International. Disponível em http://www.conservation.org/where/priority_areas/hotspots/Pages/impact_of_hotspots.aspx. Acedido a 19 de Abril de 2012.